sábado, 18 de maio de 2013

Crónica de uma morte anunciada....




Era mais que sabido que este era um caso morto.
De tão delicioso e inebriante, estava condenado ao fatal destino do fracasso.
Incompatibilidades, dirás tu. Demasiada afinidade, respondo eu.
Entrámos num quarto de onde foi penoso sair. Entrámos num quarto que nos envolveu, que nos amou, que nos mostrou sentires desconhecidos, afagares reconhecíveis, vontades iguais.
Fomos arrebatadoramente enleados por comandos de pele, pelas nossas vozes sussurradas, por desejos retratados, por gemidos abafados pelo terror da descoberta... Foram partilhas malvadas que o hoje não deixa esquecer o ontem... Foi uma intensidade exacerbada pela própria fatalidade, um querer viver tudo rapidamente. Geraram-se atropelos, conflitos, desesperos, medos, impotências... Mas o irremediável desfecho previsto concretizou-se, e fracassou!
Foi o recusar permanente do que não devia ser vivido, para depois fatalmente nos depararmos com a constatação da sintonia de dois corpos. É raro descobrir uma correspondência, uma química, uma ligação transcendente que eleva a relação a um nível ainda maior de sensações... Até que somos rasteirados pela inevitabilidade do fracasso já proclamado por tantas vozes em praça pública. Somos levados a sair do quarto e a trancar a porta... Até que consigamos mudar a audiência? Ou para sempre? É egoísmo almejar uma conexão forte? É amor seguir em frente, tatuando o quarto na memória da pele?
 
E em caso de aviso, teríamos feito de maneira diferente? Gosto de pensar que não. Foi bom descobrir-te...


(apesar da tua renúncia)

7 comentários:

  1. Sem arrependimentos é muito melhor...O simples facto de ter existido têm que se encarar como um "foi bom!"...
    Beijos

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    1. Assim consigam as duas partes ter essa humildade!!

      Beijos luxuriosos ;)

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  2. Ai Eva, sabes o que eu acho, tornamo-nos demasiado exigentes à medida que vamos desvendado a vida, que vamos tocando ao de leve a transcendencia almejada e ultrapassando o banal...e depois, e despois não nos contentamos com menos, queremos tudo! E é assim que que ser, porque a vida é um processo evolutivo e não devemos nunca regredir. A questão é encontrar alguém que esteja no mesmo nível de desenvolvimento, que queira a mesma coisa, que caminhe connosco lado a lado...e isso não é fácil.
    Às vezes tenho saudades de ser criança e de me deslumbrar com qualquer novidade, só que cada vez há menos novidades para desvendar e cada vez há menos quem me deslumbre....por isso sonho e acho até que crio no meu imaginário aquilo que almejo alcançar...
    É bom viver no real, mesmo que não tenha sido o Tudo que precisavas. Orgulho-me de ti pela tua derradeira frase e vou deixar-te mais uma das minhas frases da vida que tem sido recorrente ultimamente: "Nunca lamentes o que um dia te fez sorrir"

    Beijoooooos *Estrela*dos* em ti

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Oh Estrela linda, sabes o que constatei ao ler-Te? Que estou de certa forma a pôr um ponto final e a dizer as últimas palavras sobre relações e pessoas que me foram marcantes. Por vezes deixo aqui testemunhos de Amor sobre quem mereceu e merece ser reconhecido. Neste particular, apenas anseio para que este Ele consiga ter a percepção das minhas boas intenções, da ternura e carinho com que pretendia que convivêssemos, e esquecesse de vez a raiva e ressentimento... Enfim, como tu disseste, é raro encontrar alguém no mesmo nível de desenvolvimento, e isso não é fácil.
      Aqui não interessa que não tenha sido o Tudo, afinal o fim já estava escrito, interessa o que demos, e interessa que consigamos sorrir no depois! E esta passagem pela minha vida nunca será lamentada, foi demasiado boa para tal, e com muitos sorrisos pelo meio :))

      Agradeço-te o carinho,
      Beijoooooooooos imensos em ti!!

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  3. Partimos para as “coisas” já com um conhecimento prévio dos seus limites, mergulhamos nelas, e em cada submergir pensamos que as conseguimos modificar; ajustá-las ao imaginário prefeito…mas a concretização está muita para alem do imaginário….Mas nunca se fica de mãos totalmente vazias.

    1 beijo Eva

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    1. Julgo que aqui não houve intenções de modificar ou ajustar ao que pretendíamos, nem tentar alcançar a perfeição. Surgiram outros desencantos que aceleraram o fim inevitável... E não, de mãos vazias não fiquei de certeza, fiquei de Alma cheia :))

      1 beijo enorme Opus

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